Sabbat Yule
Primeiro
dia do inverno (Solstício do Inverno).
Em 2010, no Hemisfério Sul, ocorre no dia 21/Jun às 02h46min (Horário de
Brasília).
Também conhecido como Natal,
Ritual de Inverno, Meio do Inverno, Yule e Alban Arthan, o Sabbat do
Solstício do Inverno é a noite mais longa do ano, marcando a época em que
os dias começam a crescer, e as horas de escuridão a diminuir. É o
festival do renascimento do sol e o tempo de glorificar o Deus. (O
aspecto do Deus invocado nesse Sabbat por certas tradições wiccanas é
Frey, o deus escandinavo da fertilidade, deidade associada à paz e à
prosperidade.) São também celebrados o amor, a união da família e as
realizações do ano que passou.
Nesse Sabbat os Bruxos dão adeus à Grande Mãe e bendizem o Deus renascido
que governa a "metade escura do ano". Nos tempos antigos, o
Solstício do Inverno correspondia à Saturnália romana (17 a 24 de
Dezembro), a ritos de fertilidade pagãos e a vários ritos de adoração ao
sol.
Os costumes modernos que estão associados ao dia cristão do Natal, como a
decoração da árvore, o ato de pendurar o visco e o azevinho, queimar a
acha de Natal, são belos costumes pagãos que datam da era pré-cristã. (O
Natal, que acontece alguns dias após o Solstício de Inverno e que celebra
o nascimento espiritual de Jesus Cristo, é realmente a versão
cristianizada da antiga festa pagã da época do Natal.)
A queima da acha de Natal originou-se do antigo costume da fogueira de
Natal que era acesa para dar vida e poder ao sol, que, pensava-se,
renascia no Solstício do Inverno. Tempos mais tarde, o costume da
fogueira ao ar livre foi substituído pela queima dentro de casa de uma
acha e por longas velas vermelhas gravadas com esculturas de motivos
solares e outros símbolos mágicos. Como o carvalho era considerado a
árvore Cósmica da Vida pelos antigos druidas, a acha de Natal é
tradicionalmente de carvalho. Algumas tradições wiccanas usam a acha de
pinheiro para simbolizar os deuses agonizantes Attis, Dionísio ou Woden.
Antigamente as cinzas da acha de Natal eram misturadas à ração das vacas,
para auxiliar numa reprodução simbólica, e eram espargidas sobre os
campos para assegurar uma nova vida e uma Primavera fértil.
Pendurar visco sobre a porta é uma das tradições favoritas do Natal,
repleta de simbolismo pagão, e outro exemplo de como o Cristianismo
moderno adaptou vários dos costumes antigos da Religião Antiga dos
pagãos. O visco era considerado extremamente mágico pelos druidas, que o
chamavam de "árvore Dourada". Eles acreditavam que ela possuía
grandes poderes curadores e concedia aos mortais o acesso ao Submundo.
Houve um tempo em que se pensava que a planta viva, que é na verdade um
arbusto parasita com folhas coriáceas sempre verdes e frutos brancos
revestidos de cera, era a genitália do grande deus Zeus, cuja árvore
sagrada é o carvalho. O significado fálico do visco originou-se da idéia
de que seus frutos brancos eram gotas do sêmen divino do Deus em
contraste com os frutos vermelhos do azevinho, iguais ao sangue menstrual
sagrado da Deusa. A essência doadora de vida que o visco sugere fornece
uma substância divina simbólica e um sentido de imortalidade para aqueles
que o seguram na época do Natal. Nos tempos antigos, as orgias de êxtase
sexual acompanhavam freqüentemente os ritos do deus-carvalho; hoje,
contudo, o costume de beijar sob o visco é tudo o que restou desse rito.
A tradição relativamente moderna de decorar árvores de Natal é costume
que se desenvolveu dos bosques de pinheiro associados à Grande Deusa Mãe.
As luzes e os enfeites pendurados na árvore como decoração são, na
verdade, símbolos do sol, da lua e das estrelas, como aparecem na árvore
Cósmica da Vida. Representam também as almas que já partiram e que são
lembradas no final do ano. Os presentes sagrados (que evoluíram para os
atuais presentes de Natal) eram também pendurados na árvore como
oferendas a várias deidades, como Attis e Dionísio.
Outro exemplo das raízes pagãs das festas de Natal está na moderna
personificação do espírito do Natal, conhecido como Santa Claus (o Papai
Noel) que foi, em determinada época, o deus pagão do Natal. Para os
escandinavos, ele já foi conhecido como o "Cristo na Roda", um
antigo título nórdico para o Deus Sol, que renascia na época do Solstício
de Inverno.
Colocar bolos nos galhos das macieiras mais velhas do pomar e derramar
sidra como uma libação consistiam num antigo costume pagão da época do
Natal praticado na Inglaterra e conhecido como "beber à saúde das
árvores do pomar". Diz-se que a cidra era um substituto do sangue
humano ou animal oferecido nos tempos primitivos como parte de um rito de
fertilidade do Solstício do Inverno. Após oferecer um brinde à mais
saudável das macieiras e agradecer a ela por produzir frutos, os
fazendeiros ordenavam às árvores que continuassem a produzir
abundantemente.
Os alimentos pagãos tradicionais do Sabbat do Solstício do Inverno são o
peru assado, nozes, bolos de fruta, bolos redondos de alcaravia, gemada e
vinho quente com especiarias.
Incensos: louro, cedro,
pinho e alecrim.
Cores das velas: dourada, verde, vermelha, branca.
Pedras preciosas sagradas: olho-de-gato e rubi.
Ervas ritualísticas tradicionais: louro, fruto do loureiro, cardo
santo, cedro, camomila, sempre-viva, olíbano, azevinho, junípero, visco,
musgo, carvalho, pinhas, alecrim e sálvia.
Ritual do Sabbat Yule
Comece erguendo um altar voltado
para o norte. Em torno dele, trace um círculo com cerca de 3m de
diâmetro, usando giz ou tinta branca. Decore o altar com azevinho, visco
ou qualquer outra erva sagrada para este Sabbat.
Coloque uma vela de altar branca no centro do altar. à sua esquerda
coloque um cálice com vinho tinto ou sidra e um incensório. Qualquer uma
das seguintes fragrâncias de incenso é apropriada para esse ritual:
louro, cedro, pinho ou alecrim. à direita da vela coloque um punhal
consagrado e um prato com sal. Por trás do altar, um galho de carvalho de
Natal com 13 velas vermelhas e verdes enfeitando-o.
Pegue o punhal com a mão direita e tire um pouco de sal com a ponta da
lâmina. Deixe-o cair no círculo. Repita três vezes e diga: ABENÇOADO SEJA
ESTE CÍRCULO SAGRADO DO SABBAT EM NOME DO GRANDE DEUS. O SENHOR DIVINO
DAS TREVAS E DA LUZ, O DEUS DA MORTE E DE TODAS AS COISAS DO ALÉM,
ABENÇOADO SEJA ESTE CÍRCULO SABRADO DO SABBAT EM SEU NOME.
Coloque o punhal de volta em seu lugar no altar. Após acender o incenso e
a vela, mais uma vez pegue o punhal com a mão direta. Mergulhe a lâmina
no cálice e diga: OH GRANDE DEUSA, MÃE TERRA DE TODAS AS COISAS VIVAS,
NÓS NOS DESPEDIMOS, POIS VAMOS DESCANSAR. ABENÇOADO SEJA! E NÓS TE DAMOS
AS BOAS-VINDAS, OH GRANDES DEUS DA CAÇA, PAI TERRA DE TODAS AS COISAS
VIVAS. ABENÇOADO SEJA! ÁGUA, AR, FOGO, TERRA, NÓS CELEBRAMOS O
RENASCIMENTO DO SOL. NESTA NOITE ESCURA, A MAIS LONGA, ACENDEMOS O LUME
DAS VELAS SAGRADAS.
Coloque o punhal de volta no altar. Pegue o cálice com ambas as mãos e,
enquanto o leva aos lábios, diga: BEBO ESTE VINHO EM HONRA A TI, OH DEUS
DE TODAS AS COISAS SELVAGENS E LIVRES. AGRADECEMOS A TI PELA LUZ DO SOL.
SALVE, OH GRANDE CORNíFERO!
Beba o vinho e coloque o cálice no seu lugar no altar. Acenda as 13 velas
no ramo da árvore de Natal e encerre o Ritual do Solstício de Inverno,
dizendo: O FOGO DO RAMO SAGRADO DO NATAL ARDE, A GRANDE RODA SOLAR GIRA
MAIS UMA VEZ. QUE ASSIM SEJA!
Celebre, com alegria, num banquete com a família e os amigos até que a
última vela da árvore se apague.
Fonte: “Wicca – A Feitiçaria Moderna”, de Gerina
Dunwich
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