Acerca da cruz de Caravaca
A história de Caravaca, por certo,
é formada de episódios ricos que estão registrados; porém, o fato
lendário perdurou e a Igreja não abre mão do mágico aparecimento da Cruz
de Caravaca, tendo-o como real, verídico e milagroso.
No ano de 1231, reinava na Espanha
o rei Abu Zeyt, conhecido como Muhammad ben Yaquib.
Em Caravaca, na fortaleza maior,
Muhammad mantinha prisioneiros, um grupo de cristãos, suspeitos de
tramarem contra os invasores. Entre o grupo, de aproximadamente quinze
pessoas, encontrava-se, incógnito, um sacerdote de nome Gines Perez
Chirinos que ministrava aos seus companheiros o conforto da religião.
Essas práticas foram descobertas
pelos guardas e o fato chegou aos ouvidos de Muhammad que, interessado,
mandou vir à sua presença o religioso prisioneiro, para conhecer as suas
atividades e descobrir se estava sendo arquitetada a insurreição.
Várias foram as audiências
mantidas com Muhammad, que ficou impressionado com o religioso a ponto de
se interessar pela actividade de sacerdote e o que significava a
celebração da Santa Missa.
Chirinos viu a oportunidade, não
exactamente de melhorar a sua situação de prisioneiro, mas a de preparar
a alma do Rei para uma utópica conversão ao Cristianismo.
Certo dia Muhammad, mais
paciencioso, pediu a Chirinos que lhe explicasse o mistério da
Eucaristia. Chirinos objectou de que não poderia fazer o desejo do Rei,
porque não dispunha dos elementos necessários para celebrar o ato
sagrado.
Muhammad, julgando que Chirinos
não desejava satisfazer a sua curiosidade, irritou-se, recomendando
severidade no tratamento dos prisioneiros.
Com o passar dos dias, a
curiosidade e talvez o toque espiritual divino, passaram a preocupar o
Rei a ponto de perder a tranquilidade.
Mandou vir, novamente, à sua
presença Chirinos que se apresentou em lastimável estado de penúria e
sofrimento.
Muhammad, com palavras suaves,
tornou a pedir ao sacerdote que celebrasse a Missa e que fizesse uma
relação de tudo quanto necessitaria para o ato.
Comovido, Chirinos foi enumerando
todos os objectos necessários e pediu um local apropriado; foi escolhido
um recanto da fortaleza, próximo à torre, que foi limpo, ordenado e
preparado para a instalação de um altar.
Chegando às mãos de Chirinos os
elementos, foi fácil verificar que haviam sido retirados dos altares das
igrejas, resultando, assim, em uma visível profanação.
Negou-se Chirinos a prosseguir na
sua tarefa, pois, o que havia sido profanado, não poderia servir ao
sacrifício.
Muhammad então exigiu de Chirinos
o prosseguimento dos preparativos, sob pena de serem os seus companheiros
de cárcere torturados até a morte. Sem outra alternativa Chirinos
prosseguiu.
Chirinos havia montado o altar,
preparado o vinho e o pão e treinado dois companheiros de prisão para
servirem como acólitos, todos devidamente trajados de conformidade com os
costumes da Igreja; o sacerdote estava comovido.
O Rei mandou chamar os seus amigos
e familiares e se dispôs com grande atenção e emoção a presenciar o ato
máximo de uma 'Magia' Cristã.
Foi naquele preciso momento de
expectativa que Chirinos se deu conta de que havia esquecido de pedir o
elemento principal: uma Cruz!
Notando o nervosismo de Chirinos,
e vendo lágrimas em seus olhos, Muhammad indagou o que estava
acontecendo. Quis saber o que significava a Cruz e por que era
imprescindível a presença daquele símbolo.
O local onde se encontravam era
iluminado pela luz solar que penetrava através de uma abertura sobre o
Altar.
Chirinos vendo frustrado seu
trabalho e temendo ser castigado como ameaçara o Rei, com palavras
confusas e balbuciantes tentou descrever a Cruz.
Muhammad, com o olhar posto na
abertura sobre o Altar, apontou com as mãos para ela e com voz embargada
pela emoção: "É isso aí, a Cruz?"
Chirinos acompanhou o gesto de
Muhammad e viu assomarem pela janela dois anjos luminosos, trazendo em
suas mãos uma Cruz!
A Cruz, que tinha um formato
curioso, uma composição da Cruz Latina com Tau, revestida de pedraria,
toda de ouro, foi colocada pelos anjos, no seu devido lugar, sobre o
Altar. Um dos Anjos disse que a Cruz era parte da Cruz do Calvário.
Todos tinham os seus olhares fixos
na Cruz e não perceberam como os Anjos desapareceram.
O silêncio era comovente.
Chirinos, como possuído por uma
força estranha, começou a celebrar.
Muhammad, seus familiares e todos
os presentes, converteram-se naquele momento ao Cristianismo.
Todos os prisioneiros foram
libertados e aquela fortaleza foi transformada em Igreja.
Misteriosamente, e isso ninguém sabe, precisamente no dia 14 de Fevereiro
de 1934, a Cruz desapareceu.
(Autoria: Extraído do Livro "A Origem de Tudo", autor:
Rizzardo da Camino)
«««Todas
as Orações
|