Nem
todo o Feng Shui é chinês
Sempre vemos o
Feng Shui ser definido como uma arte Chinesa de harmonização de
ambientes, mas nem todo Feng Shui é Chinês. Por exemplo, o Feng Shui do
Chapéu Preto, o mais divulgado no Brasil, tem origem Tibetana. Seu nome
completo é "Feng Shui da Seita do Chapéu Preto do Budismo Tântrico
Tibetano" e seu maior difusor no Ocidente é o Mestre Lin Yun.
Vejamos a definição desse tipo de Feng Shui dada por Sarah Rossbah, a
mais famosa discípula de Lin Yun:
“O feng shui do Tantrismo Tibetano do Chapéu Preto é praticado apenas
por um punhado de especialistas, entre eles Lin Yun. O feng shui do
Chapéu Preto é um híbrido de muitos costumes, pensamentos e práticas. Ele
surgiu da longa jornada do Budismo da Índia através do Tibet e finalmente
até a China. Ao longo do caminho, ele incorporou teorias religiosas e
filosóficas, ritos e disciplinas dos países por onde passou. Da Índia ele
carregou a palavra de compaixão, o conceito de karma, a prática da yoga e
a estrutura de uma igreja organizada, repleta de monges proselitistas e
rituais religiosos. No Tibet ele adquiriu conhecimento mágico e místico e
rituais como cantigas e encantamentos. Depois de chegar à China ele foi
influenciado pela cultura nativa - teoria yin-yang e Taoísmo, culto aos
ancestrais e animismo, adivinhação e feng shui, e até mesmo curas
populares para qualquer problema imaginável, variando de dores de
estômago a espíritos malignos, de aspirações acadêmicas a gravidez, de
obter riqueza e poder até arquitetar a destruição dos inimigos.
Um resultado - o feng shui do Chapéu Preto - é a versão prática
eclética do feng shui, baseada principalmente na intuição e conhecimento
místico. Suas curas de feng shui são tanto lógicas - “ru-shr” traduzido
como “dentro da nossa experiência ou conhecimento” - quanto ilógicas -
“chu-shr” traduzido como “fora da nossa experiência”.”
Esse trecho
deixa claro também que existe um Feng Shui Chinês, anterior ao Feng Shui
Tibetano. Como identificar, então, com que tipo de Feng Shui estamos
lidando, quando ninguém nos disser o nome?
O Feng Shui do Chapéu Preto usa um octógono
chamado baguá em que cada lado está associado a um aspecto da vida
(trabalho, fama, relacionamentos, espiritualidade, amigos...). Esse
octógono é sobreposto à planta-baixa do imóvel fazendo coincidir o lado
da carreira com a parede da porta principal. Nesta vertente do feng shui
são comuns as curas com espelhos, cristais e objetos de origem chinesa,
como flautas e talismãs.
O Feng Shui Chinês possui muitas linhas
teóricas diferentes e na maior parte das vezes complementares, chamadas
Escolas. Um ponto em comum entre as escolas Chinesas é o uso da bússola,
indispensável ao diagnóstico das energias dos ambientes. Dentre as
escolas Chinesas mais avançadas, a das Estrelas Voadoras vem se tornando
conhecida no Ocidente nos últimos anos por sua precisão e eficácia. Na
aplicação desta técnica, além da direção medida com a bússola, é preciso
saber a data de construção do imóvel, para analisar as mudanças
energéticas ocorridas com o passar do tempo.
No Feng Shui
Chinês cada construção possui seu próprio padrão de distribuição de
energias, diferente das demais construções. As curas principais, no Feng
Shui Chinês, são feitas com base na Teoria dos Cinco Elementos, definindo
cores, formas e materiais adequados ou não para cada ambiente. Costuma-se
definir, ainda, que tipos de atividades são compatíveis com cada ambiente
e se ele deve ser decorado com móveis grandes ou poucos móveis (teoria do
yin-yang).
É importante
acrescentar ainda que, a partir do Feng Shui Chinês original, muitos
outros foram desenvolvidos no Ocidente nos últimos anos. A maioria deles,
infelizmente, carece de embasamento, servindo somente a fins comerciais.
Essas
descrições são bastante resumidas, mas devem ser suficientes para que
você possa, a partir de agora, saber que tipo de Feng Shui está sendo
aplicado em seu imóvel.
(1) Rossbach, Sarah. “Feng Shui, the
Chinese Art of Placement”. Arkana Books, New York, 1991. p.14.
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