Cultivando
ervas
Temperos, perfumes, chás revigorantes e remédios
calmantes são algumas das maneiras de empregar as ervas de cultivo
doméstico - plantas em geral mais utilizadas pelos sabores, aromas ou
propriedades medicinais. Se suas plantas estiverem dispostas de modo que
você possa sentar-se perto delas, vai desfrutá-las com um prazer para
todos os sentidos. O tamanho do jardim não é muito importante para o
cultivo das ervas. Mas é grande o prazer de usar aquelas que foram
cultivadas por você mesmo, em sua própria casa, com apenas algumas
espécies reunidas numa bacia, jardineira, no peitoril da janela ou
plantadas entre os canteiros de flores de seu jardim.
Cuidados
Básicos
A principal necessidade da maioria das ervas é o sol, uma exposição
direta, diária, de no mínimo cinco horas. Sem isso, elas crescem fracas e
com pouco sabor. Se não puder oferecer-lhes a quantidade suficiente de
luz solar, talvez seja melhor cultivar algumas ervas que toleram bem a
sombra parcial, como a hortelã-pimenta, a erva-cidreira, a borragem e a
salsa.
A maioria das ervas também precisa de um solo bem drenado. Plante-as em
terrenos inclinados ou posicione os canteiros em um plano mais alto,
cercando-os com tijolos, pedras ou blocos de concreto. Tais canteiros
conservam o jardim de ervas mais limpo e fácil de cuidar.
Para preparar o solo, cave bem fundo, no mínimo 30 cm. Se o solo for
duro, ou tiver grande porcentagem de argila, coloque também várias pás de
material orgânico, como adubo, húmus de folhas ou estrume curtido, além
de um pouco de areia grossa para melhorar a drenagem. As ervas em geral
preferem um solo neutro ou levemente alcalino. Depois de preparar o solo
com esses materiais, verifique com um kit de teste, disponível em centros
ou lojas de jardinagem, o equilíbrio ácido e alcalino. Se a acidez for
superior a 7,5 na escala pH, aplique uma leve camada de cal.
Estocando
Plantas para o Jardim de Ervas
A forma mais econômica de cultivar ervas é a partir de sementes, mas isso
exige grande paciência e, em geral, produz mais mudas que se precisa.
Ervas de crescimento lento, como orégano, tomilho, salsa, hortelã e
cebolinho podem ser plantadas dentro de casa, num período de um mês e
meio a dois, antes de serem colocadas do lado de fora, ou, nas regiões
frias, antes da última geada. Outras espécies não devem ser cultivadas em
interiores além do tempo de aproximadamente um mês.
Prepare as bandejas de sementes ou vasos com terra tratada, esterilizada
e já misturadas com perlita. Plante as sementes, cubra-as com plástico e
ponha-as num lugar aquecido com luz fraca. Devem ser conservadas úmidas
até germinar. Se a terra secar, pulverize-a com um regador, ou coloque o
recipiente em água morna até que a parte de cima apresente gotas de
condensação. Assim que os brotos aparecerem, remova o plástico e ponha as
mudas num local claro, mas não sob sol. Só as exponha a pleno sol quando
brotarem as primeiras folhas verdadeiras, isto é, o segundo par.
Certifique-se de que haja boa ventilação no local escolhido, para evitar
que apodreçam devido ao excesso de umidade.
Antes que as mudas se tornem finas e compridas, é preciso fortalecê-las,
aclimatá-las gradualmente à exposição ao ar livre. Isso deve ser feito
quando a temperatura estiver suficientemente amena para plantá-las no
jardim. Você pode pôr as mudas do lado de fora num lugar abrigado ou
debaixo de uma tela, protegendo-as do sol quente ou das noites frias, ou
do lado de fora durante o dia e dentro de casa à noite. As mudas devem
ser transplantadas para o jardim em dias frescos ou nublados.
Salsa, aneto, camomila e anis não são transplantados com facilidade. Se
você os semeou dentro de casa, ponha-os em pequenos recipientes de onde
possam ser transplantados sem ferir as raízes; ou então ponha as sementes
na terra, no lugar em que quer que cresçam, depois de passado todo o
perigo do inverno. Prepare uma sementeira para ser posta do lado de fora
com terra fina e enriquecida com adubo. Espalhe as sementes com
parcimônia em fileiras. Cubra-as de terra fina com cerca de duas vezes o
diâmetro das sementes. Conserve-as úmidas até germinarem e ficarem
firmes. Desbaste as mudas quando tiverem mais ou menos 3 cm de altura.
Manutenção
de um Jardim de Ervas
As ervas demandam menos cuidados, mas você deve transplantá-las e remover
do jardim os espécimes doentes e as ervas daninhas. Num jardim pequeno, é
possível controlar de maneira eficaz as ervas daninhas, revolvendo de vez
em quando a terra em volta das plantas. Num jardim maior, a cobertura com
palha é a opção mais prática. Ao redor de plantas que preferem solo rico,
úmido (por exemplo, manjericão, aneto, cerefólio, cebolinho, hortelã e
segurelha), use uma camada fina de cobertura orgânica leve, como folhas
mortas, mofo de folha, aparas de madeira, lascas de casca de pinheiro ou
adubo. Cascalho pequeno é melhor para as ervas que requerem um solo mais
seco e menos rico (alfazema, alecrim e tomilho, por exemplo).
A não ser que o clima seja muito seco, regue apenas as ervas que gostam
de umidade, como o hortelã, o manjericão, o cebolinho e qualquer outra
plantada em pequenos recipientes.
Muitas ervas de uso culinário perdem o auge do sabor logo após a
floração, e as anuais começam a fenecer nessa fase. Fique atento para
colher botões em florescimento e hastes das ervas comestíveis antes de as
sementes se desenvolverem.
Embora a maioria das ervas seja razoavelmente resistente às pragas,
algumas são sensíveis a fungos, ferrugem ou ácaros, e outras
"adoradas" por lagartas. Você pode aproveitar as qualidades
repelentes naturais de certas ervas para produzir seu próprio borrifador
não-venenoso e usá-lo nas plantas contaminadas. Colha algumas folhas de
ervas que parecem nunca ser atingidas por pragas - por exemplo
hortelã-verde ou arruda. Depois, despeje água fervente sobre as folhas (três
partes de água para uma de ervas) e deixe em infusão durante 15 minutos.
Quando esfriar, coe a mistura em pano fino e pulverize as plantas
contaminadas. Repita o processo uma vez por semana e depois da chuva,
usando a cada vez uma nova fervura da mistura.
Loureiro, alecrim e cidrão são ervas perenes mas que toleram apenas leves
geadas. Se o inverno na sua região é muito frio, você terá de pôr as
plantas em lugares cobertos durante esse período. Talvez seja melhor
deixá-las no vaso, em vez de replantá-las a cada estação.
Para preparar outras ervas perenes para um inverno mais frio, cubra-as
bem com uma camada grossa de folhas, palha ou gravetos. Não remova a
cobertura até passar tudo perigo de geada. Na primavera, dê uma olhada
embaixo da cobertura. Se achar que as novas plantas estão ficando
amareladas, descubra-as nos dias ensolarados e cubra-as nas noites mais
frias. As ervas de folhas prateadas, em particular, tendem a apodrecer
quando as condições atmosféricas desfavoráveis, combinadas com a cobertura,
retêm excesso de umidade em volta delas. Isso pode ocorrer mesmo em
regiões de inverno ameno, onde o orvalho forte da noite ou a chuva causam
umidade freqüente.
Fazendo
um Jardim de Ervas para a Cozinha
Pense na idéia de plantar ervas de uso culinário o mais perto possível da
cozinha, para poder tirar uma ou duas folhas mesmo no escuro ou na chuva.
Um jardim como esse não precisa ser grande. Meio metro basta para seis
ervas muito usadas: manjericão, cebolinho, salsa, alecrim, tomilho e
hortelã. Se quiser fazer um jardim maior, acrescente à lista aneto,
orégano, louro, gerânio, segurelha e estragão; as duas últimas pela cor e
aroma.
Uma faixa estreita de terreno ao longo de uma parede é um excelente local
para o jardim de ervas culinárias; o calor refletido torna mais intenso o
sabor e o aroma das ervas que gostam de sol.
Para criar um jardim definitivo, e muito fácil de cuidar, examine a
possibilidade de plantar ervas entre os degraus de uma escada, entre os aros
da roda de uma velha carroça, ou até mesmo entre a moldura envidraçada de
uma pequena janela velha. Apóie a moldura de madeira com um ou dois
tijolos sobrepostos e preencha cada espaço com a mistura de solo
apropriada à erva a ser plantada ali. Para salsa, cebolinha, hortelã,
segurelha e aneto, utilize terra enriquecida, cheia de húmus, e para a
maioria das outras ervas, terra fofa e arenosa.
A maioria das ervas culinárias, especialmente manjericão, cebolinho,
aneto e sálvia, produzem folhas maiores e melhores quando aparadas. Se
aparar demais, cave em volta e ponha um pouco de adubo ou acrescente, na
próxima vez que for regar, um pouco de farinha de peixe, para estimular o
novo crescimento.
Cultivando
Ervas em Recipientes
A maioria das ervas pode ser cultivada em recipientes menores. Se o que
estiver usando for um vaso, ele deve ter de um terço a metade da altura
da planta. Ervas altas, como a alfazema e o aneto, necessitam de podas
regulares. Uma mistura adequada para colocar plantas em vaso é
constituída de partes iguais de terra vegetal esterilizada e areia
grossa. Se possível, acrescente um pouco de estrume bem curtido.
Atrás de uma vidraça ensolarada, a maioria das ervas cresce no verão
quase tão bem dentro de casa quanto do lado de fora.
As condições ideais são: temperatura do ar de 10°C a 25°C, luz solar
durante no mínimo cinco horas diárias e umidade de aproximadamente 50%.
Um pouco de exposição ao ar fresco, sem vento, também é ótimo para as
plantas.
Uma janela voltada para o norte é o ideal, mas as que dão para o leste ou
oeste devem fornecer luz solar adequada. Se as folhas ficarem pálidas,
murchas e fracas, significa que não estão recebendo luz suficiente.
Para contrabalançar a secura do aquecimento no inverno, ponha os vasos
sobre seixos, dispostos numa bandeja de metal ou plástico cheia de água
junto ao fundo dos vasos; ou então borrife as plantas pelo menos uma ou
duas vezes por dia. É melhor regá-las com água morna durante o inverno.
Verifique se há pragas; as plantas dentro de casa são mais suscetíveis.
Se encontrar alguma, lave as plantas com delicadeza: as menores de cabeça
pra baixo, na pia da cozinha, e as maiores no chuveiro. Você também pode
lavá-las ou pulverizá-las com uma mistura de água e detergente (use uma
colher de chá para cada xícara de água), enxagüando em seguida. Outra
pulverização eficaz é uma mistura de oito a dez dentes de alho cortados
em lascas finas com uma colher de chá de pimenta seca, deixada numa
infusão em duas xícaras de água fervente. Coe a solução com um pano e
misture a ela duas colheres de sopa de detergente líquido. Aplique
durante alguns dias até a praga desaparecer.
Colheita
e Preservação
Durante os meses de verão, colha as ervas frescas de acordo com suas
necessidades. Mas, para obter o máximo de um jardim de ervas e
conservá-lo com bom aspecto, uma boa idéia é também colher algumas
folhas, flores e sementes e armazená-las. A melhor época para cortar as
ervas para preservação é quando as plantas começam a dar flores; nesta
fase, a essência das folhas atingiu o auge. Colha as folhas no meio da
manhã, assim que o orvalho tenha se evaporado, e antes que chegue o calor
do dia. Pode as ervas anuais até a metade de seu tamanho, e as perenes
até um terço. As ervas de crescimento lento, como o louro e o alecrim,
demandam uma poda mais leve.
Corte os galhos com podeiras ou uma faca e arrume-os em camadas numa
cesta. Colha somente a quantidade de folhas que for usar em seguida e
nunca as deixe empilhadas.
Sementes como as do coentro, aneto, cominho, funcho e a alcaravia devem
ser retiradas logo que se tornem escuras, e os talos comecem a murchar.
As raízes podem ser colhidas em qualquer época, mas a melhor estação é o
outono. Desenterre um tufo de raiz, separando a quantidade de torrões de que
vai precisar. Replante com cuidado os que sobrarem.
A secagem é a maneira consagrada pelo tempo de se preservarem ervas.
Funciona bem para segurelha, hortelã, tomilho, manjerona, levistico,
louro, alecrim, orégano e erva-cidreira. A sálvia também se adequa à
secagem, embora às vezes fique bolorenta. O aneto, o cebolinho, a salsa,
o cerefólio, o funcho e o louro perdem muito de seu sabor, sendo
preferível congelá-los.
Uma maneira de secar ervas é amarrá-las em ramos e pendurá-las de cabeça
para baixo em local quente, seco e bem arejado. Um sótão ou galpão é
ideal, ou se desejar, você pode pô-las do lado de fora da casa, à sombra,
e trazê-las para dentro à noite - a secagem à luz do sol destrói o sabor
e a cor. Para conservar os ramos livres de poeira, é aconselhável pô-los
dentro de sacos de papel furados. Se costuma secar ervas no forno da
cozinha, certifique-se de que a temperatura não ultrapasse os 65°C, caso
contrário, todo o sabor será destruído.
Quando suficientemente secas, as ervas se desfazem se você as esmigalhar.
Para chegar a esse estágio levam até duas semanas, dependendo do tipo de
erva, da temperatura do ar e do processo de secagem. O próximo passo é
retirar as folhas dos caules e sacudir as sementes. Conserve-as em
recipientes de louça ou de vidro fechados. Ponha etiquetas com o nome da
erva e a data. Durante a primeira semana de estocagem, verifique se há
sinais de condensação. Se houver, retire as ervas do recipiente e
seque-as durante um ou dois dias.
As ervas secas se conservam melhor em locais frescos e escuros, como
despensas ou armários. Embora fiquem bonitas dentro de jarras de vidro
expostas na cozinha, logo perdem a cor e o sabor. Ervas estocadas duram
um ano ou mais.
A maioria das ervas conserva cores vivas e grande parte do sabor quando
congeladas. Podem ser usadas em sopas, ensopados, guisados, molhos e
tempero para saladas, mas ficam excessivamente moles para decorar pratos.
Lave as ervas e corte todas as partes sem cor. O aneto, o manjericão e o
tomilho conservam melhor o sabor e as cores quando alvejados antes de
congelar (Para alvejar o manjericão, ferva uma panela cheia de água, e
com pinças, mergulhe de uma só vez alguns ramos de ervas na água. Após
alguns segundos, retire-os, sacuda-os para eliminar o excesso de água e seque
as ervas entre duas toalhas limpas.)
Ponha-as em sacos plásticos; vede, etiquete e date. Se for congelar
somente as folhas, ponha-as bem abertas numa assadeira, congele-as e só
depois coloque-as em sacos plásticos. Caso contrário, elas irão colar umas
nas outras.
Outro método de congelamento consiste em moer as ervas, pô-las em fôrmas
de gelo e enchê-las de água. Ou então, pique as ervas no liqüidificador
ou processador de alimentos com um pouco de água e depois coloque o
líquido nas fôrmas. Assim que as fôrmas de gelo estiverem congeladas,
ponha as pedras de ervas em sacos plásticos etiquetados.
Ervas congeladas se conservam durante mais de seis meses. Se for usá-las
em pratos quentes, não há necessidade de descongelar antes de usar.
Manjericão, alecrim, azedinha-da-horta e estragão podem ser conservados
em óleo e guardados por até nove meses. Utilize óleo vegetal ou azeite,
ou ainda uma mistura dos dois. Ponha uma camada de folhas lavadas e secas
numa jarra de vidro e por cima uma camada de óleo. Alterne as camadas,
sendo a última de óleo. Mantenha na geladeira. Ao usar as folhas, raspe o
excesso de óleo, devolvendo-o à jarra. Use seu óleo de ervas preferido em
escabeches, refogados, churrascos ou molho de saladas.
Fonte: circulo sagrado. Adaptado do livro
'Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais', Reader's Digest
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